Tendências Importantes para o Governo Eletrônico em Municípios
- unigov
- 23 de nov. de 2016
- 7 min de leitura
Profundas transformações impactam modelos e ações de governo
Uma das principais características negativas dos órgãos públicos é a morosidade e a burocracia nos processos administrativos e de atendimento ao cidadão.
Por outro lado, a ampliação de fronteiras, para além dos limites tradicionais das organizações, traz uma nova e mais forte demanda por flexibilidade que possibilite o tratamento integrado de organismos de diferentes constituições, arquiteturas e processos operacionais, sem falar nos diferentes sistemas de informações. Isto é ainda mais importante nas organizações públicas. Ao mesmo tempo, traz imensas oportunidades para que saltos significativos possam ser dados, na direção de melhores serviços à sociedade, indo além dos conceitos tradicionais de governo eletrônico.
Estamos vivendo um período de profundas transformações na forma de os organismos públicos operarem, com conseqüências de alto impacto sobre o atendimento ao cidadão, redução de custos operacionais, maior agilidade nos processos administrativos, entre outras grandes mudanças. Novas tecnologias e sistemas poderão transformar profundamente as ações governamentais, possibilitando a realização de papéis muito mais estratégicos. Poderemos ter, certamente, dentro de poucos anos, se ações proativas forem realizadas, a “máquina pública” completamente reconfigurada, muito mais capaz de atender às demandas da sociedade, com menores custos operacionais e muito maior efetividade.
A alta capacidade de interação e relacionamento virtual será estimulada pela nova geração de hoje jovens e crianças que convivem naturalmente com o conceito de redes complexas de relacionamento virtual. As novas gerações vão escolher os governantes que estejam preparados para esse novo mundo físico/virtual, serão os que.
Os modelos de governo e o perfil dos governantes atuais já estão no passado.
“Os governos atuais são relíquias de uma era. Eles foram construídos para uma economia e sociedade que em grande parte já desapareceram! ” (William D. Eggers - Government 2.0).
As gerações de Tecnologia de Informação e Comunicação e seu papel no governo
As organizações, especialmente as de governo, situam-se em um ambiente onde muitas interações são necessárias; todas têm obrigatoriamente relações externas, e este relacionamento é o motivo da existência das mesmas. Então, é sempre desejável que se criem mecanismos para que isto aconteça da melhor forma possível, com velocidade e segurança. É aqui que entra a importância das novas plataformas tecnológicas, que deverão, inclusive, alterar conceitos de governo eletrônico e promover mudanças profundas no uso comum, pelo cidadão, das tecnologias de informação e comunicação.
Um dos aspectos mais significativos na análise do atraso do país em relação à modernização dos processos de governo está na ainda insipiente adoção de novas tecnologias nesses processos.
A figura abaixo ilustra e indica algumas das grandes transformações tecnológicas ocorridas nas últimas décadas, configurando o que, para efeito desta análise, denominamos gerações de tecnologias de informação:

As “gerações passadas”de tecnologia de informação e comunicação
A 1a. geração de T.I. (1950s – 1970s) remonta aos primórdios da “computação”, e dela se originaram os sistemas empresariais baseados em mainframes, com estruturas monolíticas.
A 2a. geração (1980s) trouxe os micro-computadores e as redes locais, provocando transformações importantes em como a tecnologia de informação e comunicação passou a ser utilizada.
A 3a. geração (1990s) tem como principais eventos o uso disseminado da Internet e, em decorrência, um grande impacto sobre as possibilidades de conectividade mundial, sendo, também, dessa mesma época, os sistemas integrados (ERPs, CRMs, etc.), as primeiras ferramentas para automação de processos e o auemnto das comunicações e facilidades para o trabalho em grupo.
A 4ª. geração flexibilizando tudo e promovendo transformações em processos
Novas arquiteturas, ainda mais independentes e flexíveis, têm sido conseguidas utilizando-se novas tecnologias do “mundo” web, em que quaisquer componentes de hardware ou software poderão ser acoplados à arquitetura integrada como serviços web. Um web service é uma aplicação componentizada, que possui uma interface de comunicação aberta, facilitando a integração das aplicações. O web service utiliza a Internet como meio de comunicação.
A 4a. geração foi provocada, de um lado, pela orientação a processos e componentes baseados na web (web services); do ponto de vista prático, e sem entrar em detalhes técnicos aqui desnecessários, resulta em uma completa reconfiguração na forma com a qual as organizações operam e interagem – tudo o que se opera (sistemas de informações, automações, etc.) se torna um serviço, disponibilizado e acessado na web (por isto o nome web service), em novas plataformas tecnológicas orientadas a processos flexíveis, em torno dos quais os componentes operam (BPMS - Business Process Management Systems). Tais processos podem mais facilmente ultrapassar as fronteiras de uma organização, integrando toda uma cadeia de serviços, envolvendo diversos agentes em cooperação.
Por outro lado, paralelamente à automação de processos, a Internet evoluiu para a Web 2.0, caracterizada, entre outros aspectos, pelas redes sociais, que mudaram completamente a forma como pessoas e instituições se relacionam, trazendo um mundo de novas oportunidades e reconfigurando completamente o papel da tecnologia como agente de integração e interação social, que, por sua vez, mudou as relações de negócios e entre a sociedade e o governo.
A 5a. geração, a da Internet de Tudo (IoE - Internet of Everything), em que tudo está interconectado
A 5a. geração das tecnologias de informação, comunicação e automação é que vivemos nesta década dos anos 2010/20, e se caracteriza por duas transformações fundamentais, a Web 3.0, que aprofunda o uso do conhecimento e do contexto para estabelecer associações, e a Internet de Tudo (IoE - Internet of Everything), também denominada Internet das Coisas (IoT - Intrenet of Things. Essas transformações, aliadas ao aprofundamento e maior facilidade para automação e integração de processos, vem promovendo rapidamente o efeito da desfronteirização das organizações (explodao em mais detalhe em seção a seguir).
Um serviço ao cidadão, um módulo elementar de um sistema de informação, o acesso e uso de aparelhos eletrodomésticos, operação dos componentes de um automóvel, a integração de máquinas em uma fábrica, a interação entre organismos de governo, enfim, qualquer componente operacional poderá ser construído como um serviço acessado e operado pela Internet.
A Internet das Coisas, ou, em um sentido mais abrangente, a Internet de Tudo, impactará o governo nos seguintes aspectos:
Redução massiva do custo do governo (processos inteligentes, prédios inteligentes, consumo inteligente de energia etc.).
Aumento significativo da produtividade do trabalho nas instituições governamentais, com redução massiva da necessidade de mão-de-obra no governo.
Aumento das demandas da sociedade sobre o0s serviços que o governo deve prover e ampliação da capacidade do governo na oferta desses serviços, tais como maior fluidez no trânsito, maior segurança, maior agilidade no atendimento de emergências, controle de poluição, ampliação dos serviços de educação etc.
Muito maior integração entre o governo e as instituições privadas no provimento dos serviços à sociedade, incluindo a ampliação massiva de autosserviços.
O governo pode ser uma excelente base para inovação, na medida em que passa a ter e pode disponibilizar imensas bases de dados que podem ser convertidas em conhecimento e utilizadas pela iniciativa privada para inovação em processos e serviços.
Alguns exemplos de aplicação da Internet das Coisas em governo podem ser citados:
Aplicativos mobile podem converter cada cidadão em trânsito em um sensor para otimização dos sistemas de transporte.
Da mesma forma, sensores instalados em veículos podem suprir de informaçõpes sistemas inteligentes de monitoramento e otimização do fluxo de trânsito.
Transporte inteligente: soluções para estacionamentos, cruzamentos interconectados (sinais), roteamento inteligente baseado em monitoramento em tempo real, monitoramento de frotas.
Informação precisa da integração dos meios de transporte.
Estacionamentos públicos inteligentes.
Serviços de saúde inteligentes: monitoramento de pacientes, integração de serviços de saúde hospitalar/em casa
Gerenciamento inteligente de emergências.
Soluções inteligentes de segurança pública: gerenciamento de aglomerações, segurança local inteligente, notificações de emergências
Serviços públicos inteligentes: Gerenciamento de uso de água, coleta e tratamento de lixo, iluminação pública mais eficiente, medidores inteligentes de consumo de energia e água, automação de edifícios
Gerenciamento de equipamentos públicos, gerenciamento inteligente de rega de plantas em espaços públicos.
Monitoramento de patrimônio histórico (exemplo: San Francisco City Planning).
Manutenção de ruas (exemplo: New York City Transit).
Sanitização – gerenciamento do lixo (exemplo: Jerusalen City Clean).
Mapas dos serviços governamentais e colaboração multi-agências em tempo real.
Brasil está muito atrasado nas TIC
Obviamente há diversas exceções, inclusive em que o Brasil é líder mundial no uso das tecnologias de informação e comunicação no governo, mas, de forma geral, em uma visão ilustrativa, analisando-se sob a perspectiva dessas “gerações” tecnológicas, o que se constata é um distanciamento muito grande entre o que as empresas privadas e governos em países desenvolvidos já exploraram das tecnologias dessas diversas gerações, e a situação de seu uso nas diversas esferas de governo no Brasil.
Tomando a figura anterior como referência, podemos sintetizar o estagio de evolução do uso das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) no Brasil com a figura a seguir, evidenciando nosso atraso, principalmente quanto ao seu uso em governo:

Ao deixar de adotar e explorar tecnologias, o governo acaba operando com baixa eficiência interna, nas relações com a sociedade e nos serviços prestados, com altos custos econômicos, que leva à baixa competitividade de nossa economia, de forma geral, com impactos sobre a renda e do nível de qualidade de vida dos cidadãos.
Um dos principais obstáculos enfrentados por organismos de governo no Brasil é a multiplicidade e precariedade de soluções tecnológicas encontradas, quando existentes, tornando praticamente impossível a integração dessas soluções de forma a se compor um sistema integrado de informações e, mais difícil ainda, orientar o uso da tecnologia para atendimento às demandas internas de governo e ao público – indivíduos, empresas, organizações, comunidades.
Muitas vezes, para os mesmos problemas, são encontrados múltiplos tratamentos, desconexos, no mesmo organismo, com dispersão de esforços. Em muitas outras situações, as mesmas demandas são tratadas com as mais diversas soluções em organismos relacionados ou de mesma natureza, todas elas incompletas e problemáticas em suas operações.
Como decorrência, além da multiplicidade de esforços para os mesmos fins, os organismos públicos operam com sistemas que fazem múltiplas interfaces com outros sistemas, com transferências de informações, em diferentes bases e referências, ou então sem qualquer integração, tornando todo o processo operacional moroso, de alto custo e baixa eficiência; informações para gestão são defasadas e não refletem a realidade, provocando pouca agilidade na gestão, perda de controle, custos elevados de controle e falta de comunicação e entendimento.
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